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quarta-feira, 29 de junho de 2011

à Pina

Posso ver teu pranto se aproximar de meus lamentos: corpo e mente como variante, inconstante liberdade de sentimentos.

Sinto tua prece mais depressa que qualquer vapor, chega ferroz, grunindo as maçãs de árvores nem plantadas.

Vejo teus passos, calados na espera de um arrepiar, tua mão estendida correndo contra o mar.

Sinto o barulho da tua alma que movimenta tanta gente sentada na platéia, sinto tua voz invadindo meu caminhar: ainda está aqui.

Permanece viva dentro de mim, gritando meus póros, beijando meus braços. Ouço teu movimento, teu timbre agudo pedindo pra ficar.

Dance, menina, o mundo não pode parar. Corra entre meus dedos, te alimenta em movimento. Flutue com os olhos fixos de emoção. Tua alma é grande, não morre jamais.

Para Pina Baush
De Raisa Torterola