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sábado, 30 de abril de 2011

A falta de silêncio me incomoda...

Ido Tadmor, autor desconhecido.


O maior problema da arte é a falta de silêncio. Tanto na realização de uma performance silenciosa, quanto nas questões particulares do público sobre a mesma. A liberdade de gostar ou não gostar jamais deve esmagar o mérito de estar ali, pronto para aprender, para socializar. A dança é a maior linguagem da alma - já dizia Martha- e não se pode culpá-la quando escutamos aquilo que nos incomoda. Continuo nessa busca, nessa procura louca de artista, tentando entender como as pessoas não são capazes de silenciar, seja sua opinião, seja sua tosse. Não é um apelo para o fim das críticas, mas uma procura pelo silêncio.

Meu corpo não vai gritar o que quer, não vai chorar, nem amar. Meu trabalho vai dizer aquilo que as palavras jamais conseguiriam, aquilo de que a poesia se alimenta. Não quero deixar claro, quero deixar pulsante. A arte é uma pergunta, não uma resposta.

 Feliz Dia Internacional da DANÇA!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O legado de Pina Bausch

Ten Chi, de Pina Bausch.
Existem muitos mistérios entre o céu e a terra de Pina Bausch (Ten Chi).

Pina não deixou o melhor para o final, se quer planejou o que aconteceu. Ontem aplaudi de pé a sua Companhia. E pra minha comoção vi aqueles bailarinos chorando. Choravam pela trajetória toda. Pela alma que perderam, pelo renascimento. Assim como quem os aplaudia de verdade. Choravam a emoção de seguir em frente, de superar o que ficou a pouco no baú de memórias.

Ver aqueles homens tão fortes e aquelas mulheres tão seguras chorando foi o melhor final que Pina Bausch pode nos deixar. Nada de passos bem marcados, nada de música sombria ou alegre: sentimento. Pina sempre foi maior que o seu prórpio mundo, sempre sentiu mais que todos, sempre viveu mais que todos. Pina é maior que a própria morte, é viva no acontecimento. Ontem, por cerca de dez minutos, participei do maior legado que se pode deixar: aplausos sem fim.